Que papel desempenha a I+D+i na CYPE?
Sendo uma empresa que desenvolve software técnico para arquitetura, engenharia e construção, a inovação faz parte do ADN da CYPE. Somos obrigados a trabalhar com as últimas tecnologias para desenvolver as ferramentas mais avançadas na área estrutural, instalações do edifício ou gestão orçamental de projetos e de obra, entre muitas outras áreas... E isto é algo que temos vindo a fazer desde que a empresa foi fundada.
Como é que este esforço de inovação se traduz em números?
A CYPE está certificada como empresa intensiva em I+D+i, o que significa que investimos mais de 10% do nosso rendimento ou do nosso pessoal nesta área. Se falarmos de recursos, o nosso departamento de Desenvolvimento tem mais de 100 profissionais e uma grande parte deles trabalha em temas de inovação. Nos últimos cinco anos, investimos mais de 6 milhões de euros, o que reflete a importância da I+D+i na CYPE. Como recompensa por este esforço, o Ministério da Ciência e Inovação renovou o selo de PME Inovadora à Cype, pela sua experiência nesta área.
Na atualidade, em que áreas está a CYPE a trabalhar e a acrescentar valor graças ao departamento de I+D+i?
Na CYPE estamos a desenvolver uma nova geração de produtos e serviços com o objetivo de digitalizar o sector da construção com soluções TIC. Temos dois objetivos: melhorar a competitividade dos nossos utilizadores e promover uma construção mais eficiente e sustentável.
Para o conseguir, estamos a investigar em áreas como a tecnologia Open BIM, motores avançados para o cálculo estrutural e de instalações, ao mesmo tempo que criámos diferentes soluções de Realidade Aumentada e Realidade Virtual. Tudo isto trabalhando com diferentes formatos tais como o desenvolvimento de plataformas na nuvem, aplicações móveis ou ferramentas que trabalham em novos dispositivos tais como os Smart Glasses.
Que papel desempenha e irá desempenhar a tecnologia BIM no presente e no futuro do sector da construção?
Estamos na era da digitalização e isto é algo que vai afetar qualquer sector. A construção é um caso crítico porque está em último lugar, apenas à frente da agricultura, em termos de digitalização. BIM vem resolver esta necessidade, razão pela qual na CYPE estamos a apostar nesta tecnologia, pois consideramos que é a melhor solução para facilitar a comunicação entre todos os agentes que participam ao longo do ciclo de vida de um edifício.
São muitos os fabricantes que estão a apostar na tecnologia BIM, digitalizando os seus catálogos de produtos. A este respeito, o inovador serviço Open BIM Systems que a Cype oferece aos fabricantes é um sucesso retumbante. O que é que os vossos clientes mais valorizam?
Open BIM Systems é uma solução muito inovadora graças à qual os fabricantes podem integrar os seus produtos em projetos BIM através de ferramentas especializadas onde os seus produtos são incorporados com todo o pormenor, com base em critérios geométricos, de cálculo, regulamentação e controlo das interações com outras disciplinas. Um aspeto importante deste serviço é que trabalhamos com formatos standard e abertos, o que faz com que toda a informação gerada seja perdurável ao longo do tempo e compatível com qualquer outro sistema BIM.
A CYPE participa em projetos de investigação nacionais e internacionais. Quais é que estão ativos atualmente?
Atualmente estamos a colaborar em cinco projetos de investigação. RenoZEB é uma iniciativa europeia cujo objetivo é potenciar o desenvolvimento da reabilitação de edifícios de energia quase nula (nZEB). Por sua vez, o projeto BIMSpeed, também europeu, está focado em conseguir uma redução de até 30% do tempo gasto em projetos de reabilitação, através da utilização de sistemas BIM avançados.
Começámos também agora a trabalhar no projeto BIM Circular, que se centra na questão da economia circular no sector da construção, e continuamos a trabalhar na iniciativa BIMserver.center, um projeto do programa 'SME Instrument', com o qual queremos promover a utilização desta plataforma de desenvolvimento de projetos BIM na nuvem no âmbito internacional.
Finalmente, estamos a trabalhar no projeto de investigação austríaco BIMSavesEnergy, cujo objetivo é avaliar o impacto das decisões adotadas em matéria de eficiência energética na fase de desenho de um projeto de construção. Todas estas experiências tratam diferentes temáticas e têm diferentes objetivos, mas têm uma ligação comum que é trabalhar com a tecnologia Open BIM, que é a nossa principal contribuição para estes projetos de investigação.
O que é que a participação nestes projetos de investigação lhes proporciona?
Permite-nos criar novas redes de trabalho e partilhar conhecimentos técnicos com empresas e entidades do sector da construção de todo o mundo: empresas de hardware, centros de investigação, universidades... Tudo isto nos permite ter acesso à realidade do sector nos países parceiros participantes e é algo que nos favorece no nosso próprio desenvolvimento de software.
Mas, sobretudo, participar em projetos de investigação internacionais abre-nos a porta à criação de alianças estratégicas com parceiros que podem perdurar após o projeto de investigação. Um exemplo desta prática, que é reconhecida e aplaudida pela própria Comissão Europeia como uma história de sucesso, é a colaboração que mantemos com o CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) desde a participação no projeto de investigação europeu Holisteec (2014) e graças ao qual lançámos no mercado diferentes soluções de software de eficiência energética e acústica para o sector da construção de utilização mundial.
Quais são os principais desafios tecnológicos que o sector da construção enfrenta?
Se durante os séculos XII, XIII e XIV o principal desafio para o sector centrou-se no desenvolvimento de infraestruturas de água, tais como instalações de abastecimento e saneamento, ou no século XX, o principal desafio era o desenvolvimento de infraestruturas de transporte, na atualidade, o desafio é o desenvolvimento de infraestruturas de informação. É cada vez mais comum ouvir falar no nosso sector de temas como Inteligência Artificial, Machine Learning, Blockchain ou Big Data, tecnologias baseadas no processamento de informação e que na CYPE temos claro que fazem parte do presente, razão pela qual já as integrámos na plataforma BIMserver.centre.
Em que linhas de investigação e inovação é que a CYPE vai trabalhar no futuro?
A CYPE lançou uma série de projetos nos últimos anos com uma receção fantástica no mercado. A ideia é continuar a trabalhar nesta mesma linha e para isso estabelecemos para nós próprios três linhas de desenvolvimento.
Por um lado, estamos a implementar novas funcionalidades do BIMserver.center para incentivar a sua utilização em diferentes âmbitos, tais como universidades ou administração pública, algo que já pode ser visto em soluções como o CYPEURBAN que, a propósito, estamos a implementar na iniciativa 3DEXPERIENCity Virtual Rennes que Rennes Métropole está a levar a cabo para conseguir um planeamento urbano completamente digital.
Do mesmo modo, na CYPE continuamos a avançar e a promover o desenvolvimento de Open BIM Systems, razão pela qual estamos a gerar uma infraestrutura Cloud que melhora a comunicação entre agentes e aplicações. Além disso, como não podia ser doutro modo, a CYPE está a trabalhar na melhoria contínua do conjunto de ferramentas avançadas de cálculo e justificação normativa.