A redução das emissões de CO2 ligadas ao sector da construção é uma tarefa que não pode ser adiada. A indústria é responsável por quase 40% das emissões na Europa, o que levou a Comissão Europeia a estabelecer o objetivo de reduzir para metade as emissões dos edifícios até 2030 e alcançar uma União Europeia (UE) sustentável e neutra em termos de carbono até 2050.
Embora seja verdade que a construção para habitação concentra a maioria destas emissões, também é verdade que indústrias como o turismo poluem quando constroem novos hotéis ou renovam os já existentes. Neste contexto, a CYPE organizou o ciclo "Arquitetura Sustentável e Bioconstrução: aplicação prática num projeto de um módulo "glamping" onde quisemos mostrar e demonstrar que a utilização de materiais sustentáveis em "glampings", um tipo de alojamento que está atualmente em voga, pode gerar poupanças muito significativas nas emissões de dióxido de carbono em comparação com a utilização de materiais convencionais.
Para isso, simulámos a construção de 40 alojamentos do tipo "glamping" seguindo três hipóteses, a que chamámos "Convencional", " Convencional melhorada" e "Bioconstrução", dependendo dos materiais e sistemas de construção utilizados. O trabalho permitiu-nos confirmar a existência de capítulos com maior repercussão e impacto, tanto económico como ambiental, na Análise do Ciclo de Vida, tais como estruturas, paredes, coberturas e pavimentos.
Começando pela arquitetura
O cálculo do orçamento e das emissões de CO2 foi possível graças à elaboração da arquitetura de um "glamping" com a aplicação do CYPE Architecture onde demos prioridade e especificámos para cada elemento construtivo a utilização de materiais tais como madeira, palha, argamassas de argila, gesso de cal aérea ou lasures naturais nos pavimentos de madeira em oposição a outros componentes tais como betão, tijolo cerâmico, alumínio, gesso ou tinta plástica, entre outros.
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Com o modelo 3D arquitetónico já realizado, utilizámos o Open BIM Quantities, um programa que utiliza a geometria do modelo BIM para obter as medições e o orçamento do nosso projeto de “glamping” graças a um banco de preços previamente elaborado com o Arquimedes e o Gerador de Preços, importado para o Open BIM Quantities.
A fim de estabelecer uma ligação direta entre os preços das unidades de obra e o nosso projeto, foi importante atribuir informações específicas no modelo BIM doCYPE Architecture para cada uma das soluções utilizadas, conseguindo,assim, facilmente a ligação com o Open BIM Quantities para realizar o orçamento do projeto.
Esta ligação foi feita através da criação de tipologias específicas no modelo BIM e da utilização de etiquetas, que facilitaram subsequentemente o processo de mapeamento noOpen BIM Quantities e permitiram o estabelecimento de uma correlação entre cada elemento construtivo introduzido noCYPE Architecture e um ou mais recursos no Gerador de Preços.
Com o orçamento gerado, no formato BC3,no Open BIM Quantities, fizemos o estudo económico e a análise do ciclo de vida com o módulo de "Impacte Ambiental. Análise do Ciclo de Vida" do Arquimedes. Esta aplicação permitiu-nos calcular tanto o orçamento como o potencial de aquecimento global de 40 "glampings", idênticos ao anteriormente concebido, com critérios de bioconstrução.
Este cálculo mostrou que evitaríamos a emissão de 760.157 quilogramas de dióxido de carbono para a atmosfera em comparação com uma construção convencional, na qual se utilizam materiais tais como betão ou alumínio em vez de madeira, ou tijolo cerâmico em vez de estrutura leve de madeira e palha. Em termos percentuais, a utilização de critérios de bioconstrução suporta a redução de 117,8% de emissões de CO2.
Estudo económico do projeto
Por outro lado, o estudo económico do projeto de construção de 40 “glampings” de palha seguindo critérios de bioconstrução seria 9,4% mais elevado do que o modelo convencional.
A estimativa económica ascenderia a 1,72 milhões de euros em comparação com 1,57 milhões de euros na hipótese de uma construção com materiais convencionais. No entanto, o aumento por seguir critérios de bioconstrução neste alojamento turístico de 40 "glampings" seria apenas de 5,1% se tivermos em conta o custo que a Espanha paga pelas emissões de CO2.
Uma percentagem que nos próximos meses tenderá a reduzir devido ao aumento contínuo do preço a pagar pelas emissões de CO2 e ao lançamento de novas soluções bioconstrutivas que reduzirão o custo da sua utilização.