Princípios da bioconstrução: como construir de forma sustentável

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São muito os benefícios da bioconstrução, tanto para as pessoas como para o ambiente

A CYPE oferece ferramentas para desenvolver os seus projetos respeitando os princípios da bioconstrução

A bioconstrução transforma a forma como concebemos e construímos os nossos espaços habitacionais

Estamos cada vez mais conscientes da necessidade de viver em harmonia com o ambiente. A bioconstrução surge como uma resposta a esta mentalidade no sector da construção.

No entanto, o conceito de bioconstrução não é novo. A ideia de que os edifícios se devem integrar harmoniosamente com a sua envolvente tem origem em práticas de construção antigas que utilizavam recursos locais e se adaptavam ao clima da região. Hoje, porém, combina-se o conhecimento tradicional com a tecnologia moderna e uma compreensão mais profunda da ecologia e da saúde, incorporando ideias chave como a arquitetura bioclimática, a arquitetura sustentável e o habitat saudável.

Na CYPE ajudamo-lo a criar projetos que integrem todas as disciplinas necessárias para a sua realização, mesmo que decida adotar critérios baseados na bioconstrução. O nosso objetivo é que crie espaços que respeitem o ambiente natural e promovam a saúde e o bem-estar das pessoas que os habitam.

A abordagem da bioconstrução

Os princípios básicos da bioconstrução abrangem vários aspetos do processo de construção. Começando pela seleção cuidadosa do local, são tidos em conta critérios como a orientação solar, a topografia e, acima de tudo, a disponibilidade de materiais na região.

Uma vez que a adaptação ao ambiente é um dos principais propósitos, o objetivo será intervir o menos possível e conceber projetos que se adaptem às caraterísticas do local, preservando o seu ecossistema e biodiversidade. É dada prioridade a técnicas de construção que minimizem a produção de resíduos e favoreçam a utilização de materiais naturais, reciclados ou recicláveis.

Além disso, a bioconstrução dá ênfase à criação de espaços saudáveis para os seus ocupantes, utilizando materiais não tóxicos e sistemas de ventilação natural que melhoram a qualidade do ar interior. A eficiência energética é também procurada através de uma conceção passiva, tirando partido das condições climáticas para regular a temperatura e a humidade do edifício sem uma dependência excessiva de sistemas mecânicos.

O CYPE oferece diferentes ferramentas que permitem ter em conta os princípios da bioconstrução. Por exemplo, o CYPE Architecture é uma ferramenta BIM para a modelação arquitetónica de edifícios que permite importar modelos geolocalizados, mapas, superfícies topográficas, parcelas e edifícios adjacentes a partir de modelos criados no Open BIM Site. Estas duas ferramentas facilitam aos técnicos a utilização de critérios que seguem os conceitos da arquitetura bioclimática. Isto permite adaptar o projeto ao ambiente para maximizar a sua eficácia e garantir uma compatibilidade ótima.

Modelação arquitetónica no CYPE Architecture
Dados climáticos para a localidade em que o projeto está situado

Outro aspeto fundamental da bioconstrução é a gestão eficiente de recursos como a água e a energia, uma vez que promove a utilização de energias renováveis e sistemas de recolha de águas pluviais, bem como o desenvolvimento de projetos que maximizem a eficiência energética. Com as ferramentas da suite CYPETHERM, por exemplo, é possível realizar simulações energéticas tendo em conta as caraterísticas do edifício, e inclusivamente comparar diferentes combinações de soluções construtivas para identificar a mais sustentável.

Estas ferramentas fornecem relatórios precisos que ajudam a otimizar o desempenho energético e a reduzir a pegada de carbono dos projetos. Combinando a sua capacidade de realizar simulações energéticas com a capacidade de importar modelos BIM, a suíte CYPETHERM é uma ferramenta ideal para maximizar a eficiência e a sustentabilidade de um projeto.

Materiais e métodos que transformam a construção

Em termos de materiais, a bioconstrução dá prioridade à utilização de elementos naturais, locais e de baixo impacte ambiental. Por isso, alguns dos mais comuns são a madeira certificada, a terra, a pedra, a palha, o cânhamo, a lã de ovelha, o algodão e as fibras vegetais. Estes materiais não só são mais amigos do ambiente, como também permitem ambientes interiores mais saudáveis, livres de toxinas e com melhor regulação da humidade e da temperatura.

O Gerador de preços da CYPE facilita a seleção e quantificação de materiais sustentáveis, permitindo aos profissionais avaliar o impacte ambiental das suas escolhas. Esta ferramenta, disponível em vários países, incorpora numerosas unidades de obra com materiais, sistemas e equipamentos sustentáveis.

É de salientar que o Gerador de preços está em constante evolução para se adaptar às últimas tendências da construção sustentável. Isto inclui a incorporação de módulos de pormenores construtivos relacionados com a arquitetura sustentável e a bioconstrução, com especial destaque para os sistemas construtivos que utilizam materiais naturais como a madeira e a palha.

Estes sistemas não só são ecológicos, como também são ideais para projetos de necessidade quase nula de energia, tanto em novas construção como em reabilitação.

Sistemas de construção em madeira e palha

Para além disso, fornece dados cruciais como preços compostos, especificações técnicas, condições de execução, resíduos gerados e indicadores de impacte ambiental. Desta forma, é possível comparar diferentes opções de materiais e técnicas de construção, permitindo otimizar os projetos para uma maior sustentabilidade e eficiência energética.

Exemplo de uma casa com critérios bioconstrutivos

Entre as opções disponíveis no Gerador de preços, propõe-se, a título de exemplo, uma moradia tipo glamping com um sistema construtivo que segue os critérios da bioconstrução.

Para o rés do chão, optou-se por uma laje de vigotas e painel estrutural de madeira. Este sistema inclui vigas e vigotas de madeira serrada, que formam a base estrutural da laje. Sobre esta estrutura é colocado o painel estrutural de madeira, que proporciona uma superfície contínua e resistente. Para melhorar o desempenho térmico, é incorporado um isolamento de granulado de cortiça entre as vigotas. Finalmente, é instalado o outro painel estrutural de madeira, completando a laje e proporcionando uma base sólida para o piso superior.

Quanto às paredes envolvente, propõe-se o sistema CUT, constituído por paredes de estrutura leve de madeira com enchimento de fardos de palha. Inclui uma parede de estrutura leve de madeira com acabamento escovado, e utiliza fardos de palha colocados dentro desta estrutura leve de madeira. O sistema é completado por uma cinta perimetral para a parede estrutural de frados de palha e um remate de esquina arredondado.

No que diz respeito à cobertura, optou-se por uma cobertura inclinada ajardinada extensiva, constituída por um painel estrutural de madeira que proporciona um apoio contínuo à cobertura. Além disso, incluiu-se uma peça de remate perimetral, impermeabilização com lâminas de EPDM específicas para coberturas inclinadas ajardinadas, duas camadas separadoras, um sistema de drenagem com lâminas drenantes e uma camada de proteção de tipo extensiva.

Para o revestimento interior, propõe-se um sistema de duas camadas de argamassa de argila sem aditivos: uma camada de base e uma camada de acabamento. Esta abordagem proporciona um acabamento natural e saudável para os espaços habitacionais. Para os acabamentos exteriores, é utilizado um reboco de cal apagada, uma opção tradicional e ecológica que oferece proteção e respirabilidade às fachadas.

Composição de uma parede realizada com técnicas de bioconstrução.
Módulo de glamping construído com técnicas de bioconstrução.

Estas unidades de construção representam soluções construtivas de acordo com os princípios da bioconstrução, uma vez que utilizam materiais naturais, renováveis ou reutilizáveis e técnicas que minimizam o impacte ambiental, contribuindo assim para a criação de edifícios mais sustentáveis, energeticamente eficientes e amigos do ambiente.

Benefícios para o ser humano e para o ambiente

As vantagens da bioconstrução são múltiplas, tanto para os habitantes como para o ambiente. Do ponto de vista da saúde, estas construções oferecem espaços livres de poluentes, com melhor qualidade do ar interior e um ambiente mais agradável.

Do ponto de vista ambiental, a bioconstrução reduz significativamente a pegada de carbono associada à construção e ao funcionamento dos edifícios, o que contribui para atenuar os efeitos nocivos relacionados com as alterações climáticas. O módulo “Análise do Ciclo de Vida”, que faz parte do Arquimedes e beneficia dos dados disponíveis no Gerador de preços, permite avaliar o impacte ambiental de um edifício desde a extração das matérias-primas até à sua demolição final.

O programa facilita a realização desta análise e permite otimizar os projetos para que sejam mais sustentáveis. Fornece também nove indicadores ambientais para esta avaliação, incluindo: potencial de aquecimento global, utilização líquida de recursos de água corrente e utilização total de energia primária renovável e não renovável. Estes dados são apresentados em quadros e gráficos, repartidos por materiais, máquinas e resíduos gerados nas fases de fabrico e construção.

O Gerador de preços fornece ferramentas para gerar relatórios detalhados que incluem tanto custos como indicadores ambientais. Estes relatórios são particularmente úteis para compreender o impacte ambiental do projeto e para tomar decisões que tenham em conta a sustentabilidade, permitindo que o projeto seja ajustado de acordo com estes parâmetros.

Aplicando estas análises e ferramentas, um exemplo concreto de como a bioconstrução pode ter um impacte positivo na redução das emissões é ilustrado num estudo da CYPE sobre a construção de alojamentos tipo glamping. O estudo demonstrou que, ao utilizar os princípios da bioconstrução na construção de 40 unidades de alojamento em glamping, é possível evitar a emissão de 760.157 kg de CO2 para a atmosfera, em comparação com os métodos de construção convencionais. Isto equivale a uma redução de 117,8% nas emissões de CO2, demonstrando o potencial significativo da bioconstrução para combater as alterações climáticas.

A bioconstrução transforma a forma como concebemos e construímos os nossos espaços habitacionais. Centrando-se no respeito pelo ambiente e pelas pessoas que o habitam, oferece uma visão holística da arquitetura que responde aos desafios ambientais e sociais do nosso tempo. À medida que avançamos para um futuro mais sustentável, a bioconstrução está a emergir como uma ferramenta indispensável para criar edifícios que respeitem o nosso bem-estar e o do planeta.

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